Hoje faço anos

Sou feliz, isso posso dizer com toda a certeza.

Hoje é dia para renovar a página da minha "bíblia". O meu conjunto de livros que contam toda a minha existência. Uns contam histórias e conquistas. Outros falam de percursos. Outros declamam poemas. Outros traçam linhas filosóficas (com)sentidas. Há romances, há dramas, há momentos descritivos, outros interrogativos e outros que exclamam e suspiram.
Páginas de vida.
Gosto de as ler.
Gosto de olhar e ver, com uma certa emoção, tantos passos dados, tantas vivências, numa vida ainda curta ou talvez grande, a somar pelas outras tantas que possa já ter vivido.
E sinto até orgulho pelo ser que vejo em mim.
Quando olho para o meu ser de criança encontro-a feliz, com simplicidade, cheia de curiosidades e bem gorducha. Entre brincadeiras que se dizem de rapaz (enfim, traumas que criam nas crianças). Uma certa serenidade que foi tão importante para os meus (cuidadores) ficarem igualmente mais tranquilos. Era motivo de orgulho para muitos pela minha essência de paz, boa disposição e uma saúde para dar e vender.
Mais tarde, quando olho para a minha adolescente... vejo-me eu mesma. Numa identidade muito própria e deslocada do meio envolvente. A querer quebrar todas as definições e objeções. Livre e voluntariosa na defesa dos direitos dos que se mostram diferentes e sem voz. Sensível, muito sensível às injustiças e às situações de descriminação. Ao mesmo tempo uma autêntica desafiadora dos limites. Sentindo-me a viver a adrenalina de quem se tenta equilibrar no fio que separa os dois mundos. Entre o sagrado e o profano, entre o certo e incerto, entre o céu e o inferno, entre o querer ser e o desaparecer... Grande rebeldia interior que me faz sair das normas e criar algo novo e diferente.
Até ao meu novo nascimento. Onde se define o AT (Antes da Teresa) e o NT (Nova Teresa). Iniciando um novo percurso que me fez crescer acima do patamar pré-definido. Neste momento importante da minha existência pude aprender a ser desde dentro, com mais consciência da minha essência. Foi o momento em que percebi verdadeiramente que sou um ser amado e querido por Deus, que na minha essência tenho o dom da felicidade, o dom da liberdade de escolher ser e o dom da criatividade para fazer acontecer o que desenho por dentro. Neste momento fui também confrontada com o outro lado da humanidade, com aquele lado da pessoa que diz pouco sobre a sua essência e mais sobre o seu ego, o que quer aparecer. E vou à procura dos "porquês" numa aventura onde me encontro muitas vezes sozinha. A fragilidade de sermos feitos de barro, com impurezas e imperfeições, e que tantas vezes nos esquecemos de que somos feitos. Continuo a acreditar que os vasos melhores são feitos de pedaços de vasos partidos, novamente trabalhados e renovados pelo oleiro em quem nos deixamos confiar. Vasos renovados que saciam sedes. Sedes de água viva, de água que sacia e renova.
E eu tenho muitas sedes...
Na procura de saciar a minha sede tenho encontrado muitas fontes. E hoje quero prestar uma homenagem a essas pessoas (fontes) que fizeram toda a diferença na minha caminhada.
A começar pelos meus progenitores, meus queridos pai e mãe, dois seres lindos e cheios de grandeza, meus amores perfeitos. Marcos para toda a vida e a quem ainda posso dizer: - Amo-vos, amo-te.
À minha querida irmã, minha fonte de proteção, de reconhecimento e de desafio. Com quem aprendi a partilhar, a perceber as diferenças, a reconhecer a beleza de ser e a sensibilidade feita de movimentos. Que trouxe à vida um ser de luz que tanto me inspira e me enche de esperança, motivo de grande admiração e orgulho, motivo de emoção e de partilha de carinhos e afetos.
Aos meus tutores, fontes de sabedoria, responsáveis pelo ensinamento do novo, importantes na partilha de conhecimentos, desafiadores e estimuladores de criatividade e curiosidade.
Aos amigos de outrora, aqueles que ficaram algures na geografia da vida, pessoas que marcaram a minha história de vida e que por certo deixei uma parte de mim. Aos amigos e companheiros de agora, responsáveis pelas vivências do tempo presente, pelos desabafos das chatices do dia-a-dia e pelas palavras de incentivo para continuar a acreditar. Aos amigos de sempre, fontes de cumplicidade, minhas almas e seres de luz. Fontes de inspiração e de partilha de tantos momentos que não contam o tempo para os descrever.
Aos amores que o coração tocou e que por motivos que só o coração conhece decidiram seguir para outras fontes, quem sabe saciar outras sedes. A quem eu toquei com amor e respeito pela sua essência. Que me deixaram um legado de afeto e carinho.
Ao coração que hoje faz o meu bater mais depressa. Em cada dia encontro razões, emoções e sentimentos que me fazem querer permanecer junto a esta fonte de alegria, de entusiasmo e de liberdade, para ser eu mesma, vendo o ser lindo e maravilhoso que se deixa partilhar comigo. Que me faz dizer: - gosto tanto de ti.
Às pessoas que se cruzam comigo e me desafiam, me fazem questionar-me, me tiram da minha zona de conforto. Motores autênticos para escrever a minha história. Sem estas fontes a minha inspiração não seria a mesma.
Homenagem feita é tempo de viver. De regressar ao meu estado de ser.
Sou feliz, isso posso dizer com toda a certeza. Não atingi todos os objetivos que queria atingir... ainda não concretizei todos os sonhos que me fazem levantar voo tantas vezes... mas em cada dia da minha vida sou EU
A Teresa, pessoa que sonha e que projeta e que não quer passar nesta vida sem fazer história. Pessoa que quer ser responsável, cumprindo a tarefa de ser, questionando as injustiças. Que ainda anda a aprender a ser, por ter sede de mais e melhor.
A Susana, um ser de luz que transcende e transgride e faz brotar tanta inspiração. Mais ousada, mais descontraída. Sem filtros e preconceitos. Pronta a dizer o que sente e o que quer. Predisposta para qualquer aventura, qualquer desafio.
Que em cada dia possa encontrar o equilíbrio para ser este ser que sinto cá dentro.
Este ser que sou eu com 39 páginas.
Não gosto de nomear porque quero guardar a identidade de cada um/a. Na certeza do lugar que cada um/a ocupa cá dentro.