Paisagens do interior

18-08-2017

A dor é uma manifestação de algo que precisa de atenção, de algo que precisa de ser cuidado.  

A resiliência de um povo

Ser com um povo pode passar por sofrer com ele de forma compassiva.

Sofrer as dores das perdas...

Sofrer a dor da impotência...

Amparar a raiva e indignação por uma situação que não se compreende e que nunca se tinha visto.

Percorrer o interior de uma nação feita de verde, com uma mata florestal incansável, habitat de tantas espécies, parece ser um cenário de memórias. Serão precisos algumas dezenas de anos para reviver e reaver aquilo que até agora era possível.

A vontade parece ser de abandonar e procurar um destino que fale de tudo menos de fogo, fumo, sirenes, choro, desespero, desentendimento, incompreensão, miséria, pobreza...

Talvez seja o abandono o fator mais responsável pelo que os últimos dias descrevem.

Quero ser portadora de luz, de serenidade, de paz, de compaixão... e o meu coração parece apenas ficar preocupado e sentir-se impotente.

Quero acreditar e confiar na capacidade da mãe natureza, no seu poder e supremacia.

Quero confiar no ser humano e na sua pureza de intenções.

E ainda que por vezes pareça ficar muito difícil esta vontade... e ainda que os braços pareçam querer desistir e que ninguém pareça compreender o que digo e penso... acredito que toda a destruição que vemos acontecer pode ser e representar uma grande oportunidade. Um momento de crescimento, uma experiência para melhorarmos tanto que ainda temos a aprender.

No céu mantêm-se estrelas de esperança e desenham-se nuvens brancas por cima de cenários mais cinzentos.

No coração permanecem certezas e confiança.

Afinal, todas as dores são oportunidade de crescimento. A dor é uma manifestação de algo que precisa de atenção, de algo que precisa de ser cuidado.

Será que a nossa atenção estava focada? Será que valorizávamos o suficiente toda uma realidade nacional que luta todos os dias por um crescimento tão árduo. Fazer a diferença no interior significa 3 vezes mais esforço e criatividade do que na periferia. É preciso fazer muito mais barulho para que seja ouvido e percebido. Parece ser esquecido.

É esta resiliência que faz deste povo o que ele é. A adversidade, a falta de oportunidades, a ausência de condições favoráveis, os climas severos podem ser fatores propícios para criar pessoas mais criativas, com sentido de oportunidade, com mais resistência, mais visionárias, com mais maturidade. Todos estes ingredientes vão escrever mais história e por certo que vamos todos beneficiar dela. 

Fica a minha reflexão e uma homenagem ao interior do país, sobretudo à zona do centro, que se vê neste momento num momento tão difícil de perda, de cansaço e de impotência. 

Como costumo dizer: não sei bem o que me fez vir até cá, mas sei que ainda tenho algo mais a aprender e a oferecer. E enquanto assim for sentido aqui, aqui permanecerei.  

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